Mobiliza\u00e7\u00e3o sindical pagou sal\u00e1rio integral a grevistas por mais de um ano e reverteu demiss\u00e3o em massa decretada pelo governo Collor. O slogan era \u2018N\u00e3o toque em meu companheiro\u2019. <\/p>\n\n\n\n
EM SUA TENTATIVA recente de emplacar uma imagem jovem<\/a> nas redes sociais, Fernando Collor tenta limpar a imagem de seu governo marcado por corrup\u00e7\u00e3o e medidas impopulares. Hoje, o discurso de Bolsonaro retoma a ret\u00f3rica de Collor<\/a> \u00e0 \u00e9poca: que \u00e9 preciso privatizar estatais, desburocratizar o estado e que sindicato \u00e9 coisa de vagabundo. Jair Ferreira, 61 anos, funcion\u00e1rio da Caixa Econ\u00f4mica desde 1989, foi um dos banc\u00e1rios que participou das lutas que impediram o desmonte do banco p\u00fablico durante o governo Collor, em meio \u00e0 ret\u00f3rica agressiva do ent\u00e3o presidente.Assine nossa newsletterConte\u00fado exclusivo. Direto na sua caixa de entrada.Eu topo<\/a><\/p>\n\n\n\n Ao Intercept<\/strong>, Ferreira relembra a trajet\u00f3ria da campanha \u2018N\u00e3o toque em meu companheiro\u2019, que reintegrou 110 banc\u00e1rios exonerados pelo governo federal como retalia\u00e7\u00e3o ap\u00f3s uma greve por reajuste salarial, em 1991. O banc\u00e1rio foi um dos 110 demitidos e participou da mobiliza\u00e7\u00e3o de cerca de 35 mil funcion\u00e1rios da Caixa, que bancaram o sal\u00e1rio dos mais de cem demitidos por um ano, at\u00e9 que fossem reintegrados ao banco.<\/p>\n\n\n\n \u201c\u00c0s vezes, a gente s\u00f3 aprende as coisas no enfrentamento. Sem ele, voc\u00ea perde essa consci\u00eancia pol\u00edtica\u201d, conta Ferreira. Era um tempo em que os sindicatos estavam fortalecidos, forjados em uma luta iniciada na resist\u00eancia contra \u00e0 ditadura e intensificada com as Diretas J\u00e1 e a promulga\u00e7\u00e3o da Constitui\u00e7\u00e3o de 1988. Um cen\u00e1rio bem diferente do atual, em que sindicatos est\u00e3o enfraquecidos.<\/p>\n\n\n\n Ferreira relembra que, quando Lula ganhou em 2002, muitas lideran\u00e7as sindicais foram para o governo, em cargos e minist\u00e9rios, criando um v\u00e1cuo dentro do movimento. Segundo o banc\u00e1rio, a alian\u00e7a com o governo petista desacostumou trabalhadores a lutas mais contundentes, como as da era Collor, e os desmobilizou contra amea\u00e7as futuras. \u201cComo n\u00e3o teve enfrentamento de classes, e o governo sempre foi mediador na negocia\u00e7\u00e3o por direitos, quando veio o primeiro confronto o povo achou que estava nos governos do PT, mas n\u00e3o estamos mais\u201d, opina.<\/p>\n\n\n\n